sábado, 8 de agosto de 2009

Na minha outra vida

Os sonhos do manequim sem voz
Petrificado num planeta de casas abandonadas
Exalando gelo, um gelo tíbio
Tão horrorizado com as sombras de gigantes
E feras adocicadas que maneavam sensualidade

Os sonhos fervilhando nervos quebradiços
Da criança perdida com olhos de Cleópatra
Que via deuses e agarrava poeira

Deixou de sonhar, tal lágrima seca
Tresandava a solidão, vagabundo das marés
Falava com a rebentação das ondas
Fumegando estrelas negras
Vaga inércia a lua morta

Quando já nada restava
O verniz da cabeça de porcelana estalou
Mal senti
Quebrou tudo em cacos e lodo
Senti bem forte, e morri ali
Depois veio a minha segunda vida

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