Não é acaso que à noite tudo sai do padrão.
O submundo psíquico sintoniza instintivamente com a ruína da ordem civilizacional. A noite dos néones distorcidos e do fumo, das clareiras negras e as fogueiras claudicantes, o refúgio primordial da criação, a placidez ilusória do caos nocturno. Nada é directo, tudo reflecte como a luz solar na lua e emerge o oculto que exercita os seus transes nos bosques distantes, o simbólico personificado nos ritos. O céu pouco distingue do mar, para a linha do horizonte se perder na matéria negra.
Eu habito a noite cada vez com mais reverência, algo de paixão artística se conforta na subtileza das horas longas. Silvos esporádicos segredam o mistério do que existe além do visível. Todo o vácuo para explorar, alheio às coordenadas. Morte e impulsos inconscientes, sonhos e estados alterados de consciência.
Acendo uma vela e pego em páginas muito antigas. Uma iluminação precária com aquelas palavras exaltam um ambiente quase sagrado no meu psiquismo. Percebo os olhos do lobo cintilando muito quietos na escuridão, percebo o que faz o homem de gabardina sob o candeeiro com o seu cigarro noctívago. Largo uma ultima página no raiar de um novo dia.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
Orgia agendada para dia 13 na Igreja da Graça
Há demasiada gente arruinada no seu inferno pessoal, devido a uma “traição amorosa”. Se é o teu caso peço que não leias esta texto, não te vai acrescentar nada e poderá ainda contribuir para mais revolta.
O sexo é um mistério revelado na filosofia do tantra. É criação dinamizada, ostensiva e fulcral no crescimento de qualquer pessoa. O que acontece normalmente nesta sociedade de bebedores de bicas é o domesticar, de tal forma absurda, que se pode tornar tedioso, e então os casais vão ao baú de experiências e imagens de outras mulheres e homens, para sentir tesão. Exactamente, a força criadora tornou-se lugar-comum, e quando não resgatam a novidade mentalmente, dado adquirido lá se ganha coragem para uma aventura com o/a amante. Normalmente tal façanha é moralmente desconfortável a primeira vez.
Estamos a iludir quem? a natureza? Não podemos desenraizar a natureza, mas acima do solo fazemos tudo dela, pintamos cores diferentes, cortamos rente, tapamos com um monte de merda (caso dos padres).
Enquanto a paixão tende a ser mais selectiva unindo esforços num único individuo, o sexo tende a constantemente diversificar o seu objecto de desejo. Nem a paixão ou o sexo são acontecimentos previsíveis como os ponho. há quem se apaixone por varias pessoas ao mesmo tempo e há quem só tenha desejo sexual por uma pessoa. Amor é algo que falo com reserva porque não completei o meu curso de vida no Tantra.
O que está aqui a sabotar a harmonia é o ciúme, o sentimento de posse. O ciúme não é inevitável em relações intensas, sobrevive de inseguranças profundas, de lacunas que querem possuir algo, de uma intimidade mal resolvida. É raro a ausência de ciúme, mesmo nas pessoas mais confiantes e completas de estima, há uma pontada teimosa remoendo com a possibilidade da perda. Infelizmente temos poucos exemplos na nossa civilização de tais pessoas, ao ponto que tornamos a ideia de ciúme inerente a todo o ser humano. Estou agora mesmo a observar a meninice das pessoas: Um canário amarelo lindo, que o dono gostou tanto dele que o pôs numa gaiola, não vá ele usar as asas que estão lá como ornamento.
É de liberdade e aceitação e amor, de explosões e implosões de dar desmesuradamente porque amamos. O amor mais sublime não tem território, o mundo está lá para lhe ofertar ouro, incenso e mirra. Tenho sempre que recorrer a exemplos porque somos ser condicionados de uma sociedade de perspectiva estreita: Os casais que fazem swing, é um exemplo de pessoas que souberam não cair na monotonia, ao invés enriqueceram a sua união de uma nova vivacidade. Já para não mencionar algumas tribos em que o conceito de intimidade nem existe, pois não há pudor, que é um derivado do medo, filho da repressão. O mundo do sexo é vasto, não por acaso que me expressei como sendo uma força criadora.
Coloco-me numa escadaria larga que conflui para uma avenida abastada de carne humana, e vou espreitando a mente dos transeuntes:
*um homem não enfia o dedo no cu! *e não é que a puta me meteu os cornos*aquele gajo é um chonas*aquela gaja é uma vaca*no primeiro encontro nunca!*Quero tanto ter um orgasmo, só um…*Foda-se trocou-me por um monhé*não confio em ninguém*
Facada, traição, cornos… criaste o teu próprio mundo bélico contra o que se tornou o teu inimigo, o que dizias amar; tens-lhe amor, não O tens, nem a sua liberdade.
Não há absolutamente nada de errado com o sexo. De prazer ao amor, nada nele há de “impuro”. É uma energia base do ser humano. Um corpo tornado sensual. O corpo é um templo de prazer com o seu misticismo peculiar. Se concordas que o sexo é natural como uma planta, porquê tornar a planta num segredo, ou tabu, ou conversar baixinho para Deus não ouvir?
A ORGIA está agendada para dia 13
O padre vai atribuir um prémio ao preservativo mais original que é enfiá-lo no seu cu.
O sexo é um mistério revelado na filosofia do tantra. É criação dinamizada, ostensiva e fulcral no crescimento de qualquer pessoa. O que acontece normalmente nesta sociedade de bebedores de bicas é o domesticar, de tal forma absurda, que se pode tornar tedioso, e então os casais vão ao baú de experiências e imagens de outras mulheres e homens, para sentir tesão. Exactamente, a força criadora tornou-se lugar-comum, e quando não resgatam a novidade mentalmente, dado adquirido lá se ganha coragem para uma aventura com o/a amante. Normalmente tal façanha é moralmente desconfortável a primeira vez.
Estamos a iludir quem? a natureza? Não podemos desenraizar a natureza, mas acima do solo fazemos tudo dela, pintamos cores diferentes, cortamos rente, tapamos com um monte de merda (caso dos padres).
Enquanto a paixão tende a ser mais selectiva unindo esforços num único individuo, o sexo tende a constantemente diversificar o seu objecto de desejo. Nem a paixão ou o sexo são acontecimentos previsíveis como os ponho. há quem se apaixone por varias pessoas ao mesmo tempo e há quem só tenha desejo sexual por uma pessoa. Amor é algo que falo com reserva porque não completei o meu curso de vida no Tantra.
O que está aqui a sabotar a harmonia é o ciúme, o sentimento de posse. O ciúme não é inevitável em relações intensas, sobrevive de inseguranças profundas, de lacunas que querem possuir algo, de uma intimidade mal resolvida. É raro a ausência de ciúme, mesmo nas pessoas mais confiantes e completas de estima, há uma pontada teimosa remoendo com a possibilidade da perda. Infelizmente temos poucos exemplos na nossa civilização de tais pessoas, ao ponto que tornamos a ideia de ciúme inerente a todo o ser humano. Estou agora mesmo a observar a meninice das pessoas: Um canário amarelo lindo, que o dono gostou tanto dele que o pôs numa gaiola, não vá ele usar as asas que estão lá como ornamento.
É de liberdade e aceitação e amor, de explosões e implosões de dar desmesuradamente porque amamos. O amor mais sublime não tem território, o mundo está lá para lhe ofertar ouro, incenso e mirra. Tenho sempre que recorrer a exemplos porque somos ser condicionados de uma sociedade de perspectiva estreita: Os casais que fazem swing, é um exemplo de pessoas que souberam não cair na monotonia, ao invés enriqueceram a sua união de uma nova vivacidade. Já para não mencionar algumas tribos em que o conceito de intimidade nem existe, pois não há pudor, que é um derivado do medo, filho da repressão. O mundo do sexo é vasto, não por acaso que me expressei como sendo uma força criadora.
Coloco-me numa escadaria larga que conflui para uma avenida abastada de carne humana, e vou espreitando a mente dos transeuntes:
*um homem não enfia o dedo no cu! *e não é que a puta me meteu os cornos*aquele gajo é um chonas*aquela gaja é uma vaca*no primeiro encontro nunca!*Quero tanto ter um orgasmo, só um…*Foda-se trocou-me por um monhé*não confio em ninguém*
Facada, traição, cornos… criaste o teu próprio mundo bélico contra o que se tornou o teu inimigo, o que dizias amar; tens-lhe amor, não O tens, nem a sua liberdade.
Não há absolutamente nada de errado com o sexo. De prazer ao amor, nada nele há de “impuro”. É uma energia base do ser humano. Um corpo tornado sensual. O corpo é um templo de prazer com o seu misticismo peculiar. Se concordas que o sexo é natural como uma planta, porquê tornar a planta num segredo, ou tabu, ou conversar baixinho para Deus não ouvir?
A ORGIA está agendada para dia 13
O padre vai atribuir um prémio ao preservativo mais original que é enfiá-lo no seu cu.
sábado, 9 de outubro de 2010
brinquedos
O desejo aliado à vontade,
e éramos crianças
Ora o artificial é usar a vontade para desfigurar o que brota imaculado da fonte, o desejo.
Nem por certo o artificial acelerou a evolução
Drogas para sentir algo do que é a evolução
Drogas para reparar algo do que a vontade arruinou
A nossa grande liberdade de conceber o inferno
A nossa grande possibilidade de não saber como
A minha delícia de ver possibilidades…
e éramos crianças
Ora o artificial é usar a vontade para desfigurar o que brota imaculado da fonte, o desejo.
Nem por certo o artificial acelerou a evolução
Drogas para sentir algo do que é a evolução
Drogas para reparar algo do que a vontade arruinou
A nossa grande liberdade de conceber o inferno
A nossa grande possibilidade de não saber como
A minha delícia de ver possibilidades…
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
esfera
Uma esfera densa de tensão, todo o meu foco alarmado e com a intensidade progressiva de atenção, acontece o pavor. Qualquer movimento da vontade é inútil, à flama destemperada desarvorando contendo… um conflito brusco. A batida do coração assusta. Desta vez fico por aqui. Inspiro; os músculos flagelados de nervo bioquímico, distendem. Uma poalha periférica persiste, à tona da pele, como uma aura, e esta também dissipa; conforto
Uma barragem racha, sempre que imponho ao tento, a loucura. E a loucura acontece, palmando terreno para se alastrar, para formar uma enorme corrente marítima. Apenas fico louco mais vezes, em segredo.
A esfera está agora aberta, com uma fenda ampla, e vejo o núcleo duro, mas não consiste em medo. É uma energia indecifrável à minha compreensão imediata. De curiosidade aguda, observo, sem no entanto poder assegurar o que lhe seja. Determinei, pelo tempo que lhe dediquei, ser benigno, mas nada posso assegurar…
Uma barragem racha, sempre que imponho ao tento, a loucura. E a loucura acontece, palmando terreno para se alastrar, para formar uma enorme corrente marítima. Apenas fico louco mais vezes, em segredo.
A esfera está agora aberta, com uma fenda ampla, e vejo o núcleo duro, mas não consiste em medo. É uma energia indecifrável à minha compreensão imediata. De curiosidade aguda, observo, sem no entanto poder assegurar o que lhe seja. Determinei, pelo tempo que lhe dediquei, ser benigno, mas nada posso assegurar…
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
arder de medo
As toxinas na minha fibra muscular, o escárnio nos dentes tensos.
Dizem que o medo é frio, este é, quando repentino. Se ele perdura, uma senilidade neurótica fere o pensamento, um por um, como gotas de ácido de algum pesadelo cruel. A noção de clareza nuble e o medo é agora físico, frenético, descargas de chumbo em brasa esfoliam a carne. O pavor prolongado, são chamas corroendo até à medula, um absoluto erro de existir. Crepitando de terror, bafiento odor de demónio.
Pois dor não é sofrimento, o que a mente atribui à dor torna sofrimento.
E lá estava eu, a aprender. Percebi o que significa crescer. Quando a perspectiva de vida é longa, crescer é significativo. Inspirava golfadas de fumo de ervas medicinais num prato tosco de porcelana. O efeito é quase imediato: Arder de Medo. Porque, que mais há a temer quando a pior sensação de pânico não nos abala? O corpo contraindo em dor violenta e a minha mente num singelo desdém arreganhando: Então não há mais?
Há que ter pessoas experientes nestas andanças acompanhando-nos, porque o cérebro pode estalar e enlouquecermos, e uma vez o cérebro desequilibrado em neuroquímicos, não voltamos a ser os mesmos, é decadência quase inevitável.
Estou em processo. Quando esta técnica revelar os seus atributos mais esplendorosos, algo direi. Entretanto escrevo.
Dizem que o medo é frio, este é, quando repentino. Se ele perdura, uma senilidade neurótica fere o pensamento, um por um, como gotas de ácido de algum pesadelo cruel. A noção de clareza nuble e o medo é agora físico, frenético, descargas de chumbo em brasa esfoliam a carne. O pavor prolongado, são chamas corroendo até à medula, um absoluto erro de existir. Crepitando de terror, bafiento odor de demónio.
Pois dor não é sofrimento, o que a mente atribui à dor torna sofrimento.
E lá estava eu, a aprender. Percebi o que significa crescer. Quando a perspectiva de vida é longa, crescer é significativo. Inspirava golfadas de fumo de ervas medicinais num prato tosco de porcelana. O efeito é quase imediato: Arder de Medo. Porque, que mais há a temer quando a pior sensação de pânico não nos abala? O corpo contraindo em dor violenta e a minha mente num singelo desdém arreganhando: Então não há mais?
Há que ter pessoas experientes nestas andanças acompanhando-nos, porque o cérebro pode estalar e enlouquecermos, e uma vez o cérebro desequilibrado em neuroquímicos, não voltamos a ser os mesmos, é decadência quase inevitável.
Estou em processo. Quando esta técnica revelar os seus atributos mais esplendorosos, algo direi. Entretanto escrevo.
sábado, 3 de julho de 2010
olha a aula
Quanto peso tem a palavra vida?
É o caso não teres percebido que está nas tuas mãos?
Enquanto elas mexem, e enquanto mais mexem, maior ficam
Passei muito tempo sem saber o que fazer, porque não é isso que querem de nós, é normal que diga estas coisas, agora que sei. Com medo de perder nunca ganhei. Podes ver-me de fato e gravata na esquina mais rotineira. Se reparares bem, eu não sou o fato, é apenas um disfarce, uma utilidade nos dias de hoje, mas não penses que me resumi a isso.
Vão-te sempre ensinar a seres aluno. Se tivesses uma só oportunidade, uma vida, e depois morresses… nem aluno queres ser, esse tipo de aluno. Tu sabes o que queres ser, sempre o soubeste, mas depois injectaram-te medo para teres aversão à grandeza, apontaram dedos à tua nudez e sentiste culpa do que és. Toda essa inteligência que és, indomável e livre, souberam-te fazer sentir um tontinho numa gaiola.
Presta atenção à aula.
É o caso não teres percebido que está nas tuas mãos?
Enquanto elas mexem, e enquanto mais mexem, maior ficam
Passei muito tempo sem saber o que fazer, porque não é isso que querem de nós, é normal que diga estas coisas, agora que sei. Com medo de perder nunca ganhei. Podes ver-me de fato e gravata na esquina mais rotineira. Se reparares bem, eu não sou o fato, é apenas um disfarce, uma utilidade nos dias de hoje, mas não penses que me resumi a isso.
Vão-te sempre ensinar a seres aluno. Se tivesses uma só oportunidade, uma vida, e depois morresses… nem aluno queres ser, esse tipo de aluno. Tu sabes o que queres ser, sempre o soubeste, mas depois injectaram-te medo para teres aversão à grandeza, apontaram dedos à tua nudez e sentiste culpa do que és. Toda essa inteligência que és, indomável e livre, souberam-te fazer sentir um tontinho numa gaiola.
Presta atenção à aula.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
NOTICIA
Quando iniciei este blogue (mal sabia soletrar a palavra blogue), virgem no conceito de blogosfera e da sua dinâmica, que aos poucos se expos mais clara, coloquei premissas incertas navegando por mares tumultuosos e também eles imprevisíveis.
Cheguei a este ponto, este texto que lêem. Avisando que o blog iconoclasta vai revelar as suas cores mais peculiares. Aconteceu uma “coisa especial”. Será remodelado, será um acaso no deserto, um refúgio underground. Uma minoria apreciará a metamorfose e nem publicidade será executada. Viverá das bocas que procuram nudez, um carácter cru e, assim finalmente o Iconoclasta se afirma.
Vou no entanto formar um outro blog, este mais lapidado a nível estilístico e com algumas divergências de propósito ao Iconoclasta. O novo blog é dirigido a quem tem uma relação íntima com a escrita, exercida ou lida. Para os interessados em saber o paradeiro deste novo blog contactem-me para o mail já exposto na página.
Cheguei a este ponto, este texto que lêem. Avisando que o blog iconoclasta vai revelar as suas cores mais peculiares. Aconteceu uma “coisa especial”. Será remodelado, será um acaso no deserto, um refúgio underground. Uma minoria apreciará a metamorfose e nem publicidade será executada. Viverá das bocas que procuram nudez, um carácter cru e, assim finalmente o Iconoclasta se afirma.
Vou no entanto formar um outro blog, este mais lapidado a nível estilístico e com algumas divergências de propósito ao Iconoclasta. O novo blog é dirigido a quem tem uma relação íntima com a escrita, exercida ou lida. Para os interessados em saber o paradeiro deste novo blog contactem-me para o mail já exposto na página.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Viagem caligráfica
Desfaço as malas apinhadas de canetas e papel. Visualizo uma abstracção esférica e pondero meticulosamente no segredo indomável das palavras que resvalam dos olhos quando as queremos fixar. Elas fervilham multiplicidades. Quando são concretas como a garrafa de vinho branco ao meu lado, formula uma imagem. Quando extravasam reticências opacas, marcam uma sensação e cada vez mais subjectiva. Portanto a minha viagem será bem diferente da vossa, de nebuloso imaginário com um copo de vinho só para situar terreno. Pois uma nuvem a cada segundo sugere algo diferente. É essa esquina esquiva que desvela o misticismo da escrita oblíqua, onde o orvalho seca lentamente sem que ninguém o veja claramente. Pego na garrafa e parto-a no chão impecável deste hotel alucinatório. Depois espremo uma tangerina corrosiva para a língua e corto uma veia para saber que é real. Ondulações voláteis arrepiam a espinha quebradiça de cansaço e renovam a ninfomania lírica consumada a cada palavra desferida suavemente. Não sei para onde vou, mas vou e então outra garrafa aparece ao meu lado, cheia de vinho branco. A rolha hesita mas salta com aquele som em eco seco. Neste momento esquecível uma mosca verde é esborrachada com a minha caneta e saem lombrigas contorcendo como batatas fritas estalando. Acendo o meu charuto que entretanto apagou. Começam a bater à porta, provavelmente do fumo que escapa pelas frestas da estúpida e tosca porta de madeira. Mas com a caneta os calo e dou mais um beijo no gargalo da garrafa. Pego no preservativo espinhoso, agarro uma maçaneta ferrugenta:
- Vão pró caralho que agora estou bêbado! – Porta bate quase parte
Seguro na caneta sabendo que é a ultima maré de tinta. Velejo na areia molhada e um pequeno filho-da-puta caranguejo ferra-me com as suas pinças, desaparece como aparece como se fosse só para me dizer dor. Mas a mão persiste à longa noite que se tornou e escreve já sem intenção. Solta uma cor ao abrigo do silêncio. Sublimo um suspiro cavernoso no remate da geometria desfigurada. A retina treme. Partes do corpo frias outras quentes. Sujo como um sabonete. Tensão última de microestrutura. Com um final cortado de
- Vão pró caralho que agora estou bêbado! – Porta bate quase parte
Seguro na caneta sabendo que é a ultima maré de tinta. Velejo na areia molhada e um pequeno filho-da-puta caranguejo ferra-me com as suas pinças, desaparece como aparece como se fosse só para me dizer dor. Mas a mão persiste à longa noite que se tornou e escreve já sem intenção. Solta uma cor ao abrigo do silêncio. Sublimo um suspiro cavernoso no remate da geometria desfigurada. A retina treme. Partes do corpo frias outras quentes. Sujo como um sabonete. Tensão última de microestrutura. Com um final cortado de
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Foi hoje
Hoje um anjo abandonou-me
Ergo-me à beleza desta noite fumegante, de uma escuridão fria e silenciosa. Ratazanas mortas na estrada de alcatrão, uma vela vermelha iluminando a folha de papel.
Abandonou-me pois não mais preciso dele
Consigo parar completamente e fita-lo nos olhos sem a mínima vibração de inquietude. Ele sorri e diz que eu ainda não vi tudo, que a minha intrepidez se alimenta de um orgulho fugaz.
-então explica-me porque começas a gostar de mim?
O Diabo sorri e em gesto expressivo de oferta dá-me um cigarro, ele, desaparece pelas portadas da morte. Acendi o cigarro sem hesitar, como se fosse um dos meus.
O cigarro reagiu no meu corpo com um prazer inócuo, uma prenda do príncipe da dor, de facto um cigarro inebriante. Recostei no sofá refastelado viajando por nenúfares púrpura e bolas de sabão reluzentes, sabor a mel e a sombras quentes.
O Diabo sabe aliciar os seus filhos e esforça-se para expor o quanto fascínio temos por ele…como se algo nele estivesse em nós
Mas eu não sou de ninguém e não gosto de muros, daqueles que dividem. Estou-me a foder em que gavetas de rótulos tentas meter-me. Estreito…o teu preconceito cheira a merda, vê bem quanta cegueira como pontos nulos e sítios que não pressupões sequer e pessoas que não conheceste a fundo porque a superfície era errada. Mas quem eu sou tu não queres saber, gostas de superfícies retocadas e paras por aí. Masturbaste constantemente com os teus sucessos verbais. Quem as pessoas são importa-te desde que te continuem a sorrir
Este texto não te sorri
Diz que és egoísta demais para o veres. Evitas e é só isso que me incomoda. Não é o facto de seres egoísta, é o facto de o evitares. Foda-se ! não vês o que fazes a ti mesmo quando te negas?
Ergo-me à beleza desta noite fumegante, de uma escuridão fria e silenciosa. Ratazanas mortas na estrada de alcatrão, uma vela vermelha iluminando a folha de papel.
Abandonou-me pois não mais preciso dele
Consigo parar completamente e fita-lo nos olhos sem a mínima vibração de inquietude. Ele sorri e diz que eu ainda não vi tudo, que a minha intrepidez se alimenta de um orgulho fugaz.
-então explica-me porque começas a gostar de mim?
O Diabo sorri e em gesto expressivo de oferta dá-me um cigarro, ele, desaparece pelas portadas da morte. Acendi o cigarro sem hesitar, como se fosse um dos meus.
O cigarro reagiu no meu corpo com um prazer inócuo, uma prenda do príncipe da dor, de facto um cigarro inebriante. Recostei no sofá refastelado viajando por nenúfares púrpura e bolas de sabão reluzentes, sabor a mel e a sombras quentes.
O Diabo sabe aliciar os seus filhos e esforça-se para expor o quanto fascínio temos por ele…como se algo nele estivesse em nós
Mas eu não sou de ninguém e não gosto de muros, daqueles que dividem. Estou-me a foder em que gavetas de rótulos tentas meter-me. Estreito…o teu preconceito cheira a merda, vê bem quanta cegueira como pontos nulos e sítios que não pressupões sequer e pessoas que não conheceste a fundo porque a superfície era errada. Mas quem eu sou tu não queres saber, gostas de superfícies retocadas e paras por aí. Masturbaste constantemente com os teus sucessos verbais. Quem as pessoas são importa-te desde que te continuem a sorrir
Este texto não te sorri
Diz que és egoísta demais para o veres. Evitas e é só isso que me incomoda. Não é o facto de seres egoísta, é o facto de o evitares. Foda-se ! não vês o que fazes a ti mesmo quando te negas?
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